domingo, 7 de novembro de 2010



“Pedi pra mãe – me interna, to infeliz pra caralho.

Aquela velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não. Eu não quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era... Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o que eu quero. (...) o coração já não bate, esquecera completamente o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que não sei como ele reage, porque os dias estão vazios... Porra eu preciso ser internada.”


Caio Fernando Abreu

sábado, 6 de novembro de 2010



Voltei a sentir-me atraída.
Senti-me atraída pela escuridão das águas.
Ouvi, de novo, uma voz a chamar-me repentinamente para mergulhar, para entregar o meu corpo às águas paradas como se fosse filha da Natureza.
Voltei a estar no limiar, voltei a conseguir resistir.
Senti-me atraída, senti-me atraída pela escuridão das águas.
Senti-me atraída pela Morte.

RESISTI, MAS PARA QUÊ??



Camila Tchékhov